Estudos Biblicos

Revelação ou Mistério?

Que ironia! O último livro da Bíblia começa com as palavras: "Revelação de Jesus Cristo que Deus lhe deu para mostrar ..." (Apocalipse 1:1). Entretanto, para muitos leitores da Bíblia, este livro é mais um livro de mistério e confusão do que revelação e esclarecimento. É iminente o Armagedom? Estão as novas políticas econômicas introduzindo a marca da besta? Ataques terroristas recentes cumprem profecias do Apocalipse? O que são os 1000 anos do capítulo 20? As questões continuam enquanto as respostas dos homens S muitos deles mal orientados S se multiplicam. Autores sensacionalistas vendem milhões de livros ligando estas imagens bíblicas com as manchetes do dia. Igrejas atraem multidões apresentando suas interpretações da Bíblia S especialmente seu último livro S como uma mensagem específica para os tempos modernos. Uma grande variedade de seitas emergem nos tempos modernos por causa dos homens que declaram que as profecias apocalípticas estão sendo cumpridas agora. O que o estudante honesto deveria fazer com o último livro da Bíblia? Deveríamos nos retrair com medo, achando que os acontecimentos assustadores nas manchetes dos jornais diários sejam cumprimentos das profecias do Apocalipse? Deveríamos orgulhosamente cantar vitória sobre as forças do mal cada vez que uma nação ou líder ímpio cai do poder? Deveríamos fechar nossas Bíblias, diante de nossa perplexidade e incerteza, concluindo que este livro esconde mais do que revela? Nosso Estudo do Apocalipse Jesus Cristo fez questão de revelar e preservar o Apocalipse. Como servos dele, devemos dar importância a este livro, assim como damos a todas as outras Escrituras. O Apocalipse, certamente, apresenta alguns desafios especiais para os leitores modernos, mas não devemos fugir de sua mensagem só porque encontramos algumas dificuldades. A intenção destes estudos é de ajudar cada participante a adquirir uma compreensão básica do significado do Apocalipse. Para isso, serão necessárias algumas orientações sobre a abordagem do livro, sobre linguagens proféticas e simbólicas, sobre a história do período, etc. Por valorizarmos as próprias Escrituras acima de qualquer fonte extrabíblica, procuraremos sempre informações e exemplos bíblicos para esclarecer o sentido das expressões encontradas neste livro. Estudaremos o Apocalipse e depois, quando possível, consideraremos informações históricas. Não começaremos com a História, e muito menos com as manchetes do dia, para interpretar a palavra de Deus, ou para injetar nossas idéias e especulações sobre as Escrituras. Quando não encontrarmos informações históricas para explicar o sentido de algum aspecto de uma profecia, ainda respeitaremos a veracidade da palavra de Jesus Cristo acima dos registros dos historiadores. Cada lição incluirá alguns comentários, sugestões de leituras bíblicas e perguntas para frisar pontos importantes e incentivar a leitura. Se cada aluno preparar a sua lição em casa antes de chegar, o tempo na aula será mais proveitoso para todos. Se encontrar alguma dificuldade, pode tirar a dúvida no período da aula. A versão bíblica usada na preparação desta apostila é a Almeida Revista e Atualizada, 2ª Edição. Se você acompanhar o estudo usando outra versão, poderá encontrar algumas pequenas diferenças em alguns textos. Como Abordar o Estudo do Apocalipse Comece com a Bíblia, não com a História humana. Muita confusão que envolve este livro resulta do estudo mal orientado, construído sobre fundamentos incorretos. Muitas interpretações deste livro são baseadas na História. Há pessoas que tentam determinar o que foi ou não foi cumprido, freqüentemente torcendo ou a Bíblia ou os documentos da História humana, para tentar forçar uma concordância com sua interpretação deste livro profético. É um erro começar com a História. Deus falou antes dos acontecimentos históricos, e sua palavra inspirada é verdadeira e exata, mesmo quando faltam registros humanos de cumprimentos precisos. Podemos ilustrar este problema considerando o texto de Mateus 24:1-34. Ali, Jesus falou de alguns eventos catastróficos que ocorreriam em Jerusalém. Considere suas palavras no versículo 34: "Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça." Sem saber nada sobre a História, qualquer pessoa que respeita verdadeiramente a palavra de Jesus pode saber que essa profecia foi cumprida na geração na qual Jesus vivia, cerca de 2000 anos atrás! Quando atualmente vemos pessoas citando versículos deste texto para declarar que o cumprimento é na nossa geração, sabemos que elas estão concentrando muita atenção nos livros históricos e nos jornais, e não o suficiente na palavra dita por Jesus. Argumentar que algumas coisas preditas nestes versículos ainda não foram cumpridas é dizer que Jesus é um falso profeta. Aqueles que respeitam verdadeiramente o filho de Deus colocarão sua palavra acima das opiniões dos especuladores modernos e dos historiadores humanos. Vamos lembrar deste princípio em nosso estudo do Apocalipse. Jesus revelou coisas que ocorreriam logo depois que João as registrou (Apocalipse 1:1,3; 22:6-7,10-12,20). Não importa que historiadores não consigam mostrar como cada profecia foi cumprida, é claro que Jesus falou de coisas que estavam para acontecer logo depois que ele as revelou. Reconheça o estilo simbólico da linguagem do livro. Temos também que reconhecer o estilo da linguagem que o Espírito Santo empregou ao escrever este livro. Da mesma maneira que ele fez em várias outras partes da Bíblia, aqui usou linguagem simbólica ou figurativa, freqüentemente com descrições físicas para retratar conceitos espirituais. Este era o costume de Jesus em suas parábolas. Quando ele disse, "Eu sou o pão" (João 6:35), imediatamente percebemos que ele não falou de alimento físico. Quando ele disse, "Eu sou a porta" (João 10:7) ninguém imagina que Jesus é feito de madeira e tem dobradiças de metal. Quando ele disse, "Eu sou a videira" (João 15:1), não concluímos que ele é literalmente uma planta frutífera. Quando o mesmo Espírito Santo usou o mesmo escritor que registrou estas expressões figurativas para nos transmitir a mensagem do Livro do Apocalipse, não nos deveríamos surpreender se sua linguagem fosse figurativa ou simbólica. Outros livros da Bíblia, especialmente Ezequiel, Daniel e Zacarias empregam linguagem semelhante, tornando este estilo de revelação conhecida àqueles que receberam o Livro do Apocalipse no primeiro século. Ninguém verdadeiramente interpreta o livro inteiro do Apocalipse ao pé da letra. Aqueles que pescam e escolhem, por capricho próprio, quais partes são figurativas e quais são literais erram em seu método básico de interpretação. Ele é um livro de visões de idéias celestiais que excedem a imaginação humana. Não o reduzamos a algo meramente físico e literal. Algumas Observações para Facilitar o Estudo Versículos iniciais: Para entendermos qualquer carta, especialmente uma de Deus, precisamos prestar atenção às palavras do escritor. Os primeiros versículos do Apocalipse contêm vários fatos que são importantes para nosso entendimento deste livro. u É um livro divinamente inspirado. Ele é a palavra de Deus e testemunho de Jesus Cristo (1:1-2). v Foi transmitido pelo anjo de Deus, através de João (1:1). w É um livro no qual João nos conta o que ele viu (1:11). Não é uma mera transmissão de palavras, mas uma mensagem dos símbolos e imagens que Deus permitiu a João visualizar. x Fala das coisas que estavam para acontecer pouco depois que João recebesse de Deus a revelação, concernente "as coisas que em breve devem acontecer" (1:1). Deus disse que "o tempo está próximo" (1:3). Observações gerais: Na nossa leitura deste livro maravilhoso, devemos nos lembrar de alguns princípios gerais que nos ajudarão a entender sua mensagem. u Ele é um livro de profecia (1:3; 22:18-19). Os profetas bíblicos usam freqüentemente linguagem simbólica e ilustrações para apresentar a verdade. Muitos conceitos errados sobre o Apocalipse resultam de esforços para interpretar literalmente a linguagem figurativa do livro. vÉ um livro que utiliza muitas imagens e mensagens com fundamento nos livros do Velho Testamento. Não somente o estilo, mas muitas das citações e imagens deste livro são baseadas no Velho Testamento. Por esta razão, eu encorajo freqüentemente as pessoas a estudarem vários livros do Velho Testamento antes que comecem o estudo do Apocalipse. Muito do vívido simbolismo do Apocalipse está baseado em livros como Êxodo, Salmos, Isaías, Ezequiel, Daniel e Zacarias. Quanto melhor entendermos estes livros, mais clara se tornará a mensagem do Apocalipse. w É um livro que tem de ser entendido em seu contexto. Foi escrito próximo do encerramento do primeiro século, durante um tempo em que muitos povos do mundo estavam sujeitos ao domínio do Império Romano. Esse governo estava se tornando cada vez mais perverso e menos tolerante com o povo de Deus. Muitas pessoas abordam o estudo deste livro com a determinação de encontrar aplicações modernas, esquecendo que ele foi escrito originalmente para os cristãos da Ásia (1:4,11), muitos dos quais sofriam severa perseguição por causa da sua fé (2:10,13; 6:9). O significado dos números. O livro do Apocalipse usa um estilo literário que emprega significados simbólicos dos números. A tabela abaixo ajudará a entender a mensagem do livro. Esses significados serão mais explicados no decorrer do estudo do texto. -por Dennis Allan Perguntas 1. Segundo Apocalipse 1:1, o propósito deste livro é ocultar ou revelar uma mensagem de Jesus? 2. Quando estudamos um livro da Bíblia, devemos dar mais valor ao texto do próprio livro ou às informações históricas de outras fontes? 3. Quando foi cumprida a profecia de Mateus 24:1-34? Como você sabe? 4. Devemos interpretar literalmente tudo que a Bíblia diz? Explique sua resposta. 5. A mensagem do Apocalipse se aplica principalmente a qual época da história? 6. Quais são alguns dos livros do Antigo Testamento que especialmente ajudam no estudo do Apocalipse? 7. Explique como estes números são iguais: 3½ anos, 42 meses, 1260 dias. ****************************************************

Uma Vista Panorâmica do Texto do Apocalipse Olivro do Apocalipse demonstra, acima de qualquer dúvida, o poder de Deus para vencer o diabo e seus servos. Para comunicar esta mensagem e encorajar os santos angustiados quando enfrentavam a perseguição, este livro abre as cortinas e convida os leitores a olharem "atrás dos cenários" para verem o lado espiritual das lutas que freqüentemente desafiam a fé. O capítulo 1 apresenta um retrato de Jesus em todo o seu poder e glória. Freqüentemente pensamos em Jesus em cenas de aparente fragilidade. Por exemplo, podemos pensar num recémnascido indefeso nos braços de sua mãe, ou numa figura moribunda, aparentemente vencida, suspensa a uma áspera cruz de madeira. Jesus foi um nenê. Ele morreu numa cruz. Mas Jesus é o vitorioso e poderoso "Soberano dos reis da terra" (1:5). Tudo o que se segue neste livro surge desta importante imagem de Cristo. Ele está no comando. Seus seguidores podem sofrer, mas nada têm a temer. No final, os justos serão vitoriosos! Os capítulos 2 e 3 contêm cartas às sete igrejas na Ásia. Estas cartas seguem um padrão regular de: ŒSaudação. Lembrança da posição de Jesus, que está enviando as cartas. Ž Avaliação da condição da congregação (geralmente incluindo elogio das boas qualidades e crítica das falhas). Apelo à ação (freqüentemente um chamado ao arrependimento, unido ao encorajamento a serem fiéis a despeito das dificuldades da situação deles). Lembrança do galardão à espera daqueles que continuarem a servir fielmente. Os capítulos 4 e 5 demonstram a posição do Pai e do Filho. Numa visão maravilhosa, João recebe permissão para ver o trono de Deus, cercado por seus servos em adoração (capítulo 4). O próximo capítulo volta a atenção para Jesus que, por causa de sua vitória sobre a morte, é achado digno de abrir os selos do livro que revelará o plano de Deus para a vitória total sobre as forças de Satanás. Ele também merece louvor e adoração dos fiéis. Nos capítulos de 6 até 20, encontram-se numerosas demonstrações de vingança e punição. A maior parte da mensagem destes capítulos é organizada em séries de sete (sete selos, sete trombetas, sete taças da ira de Deus). Lembre-se de que o número sete simboliza a perfeição. A história nunca termina enquanto não chegamos à parte sétima e final. Em alguns pontos, durante a batalha, pode parecer que o diabo está ganhando a guerra. Este livro oferece esperança aos fiéis em que Deus e seu exército justo serão vitoriosos. Satanás não pode derrotar Jesus, e não pode vencer aqueles que permanecem fiéis ao Senhor. Os capítulos 21 e 22 destacam a condição abençoada dos santos vitoriosos na presença de Deus. Os privilégios que foram perdidos por causa do pecado de Adão e Eva são restaurados nesta comunhão renovada entre Deus e o homem. Estes capítulos empregam muito da linguagem encontrada em outros textos proféticos para falar da relação dos discípulos fiéis com Cristo, nesta era presente. A bênção da presença de Deus, retratada aqui, também prenuncia a grandeza do céu. Encontramos aqui uma conclusão bela e esperançosa para a mensagem da Bíblia. Para entender e apreciar a mensagem do Apocalipse Aqui estão algumas passagens importantes e alguns conceitos básicos que ajudarão a entender a mensagem do Apocalipse. Drama do Livro. Lembre-se de que este é um livro que relata as coisas que João viu. É uma dramática apresentação da revelação de Deus. Assim como Deus usou sonhos e suas interpretações para comunicar sua mensagem através de Daniel, ele usou a vívida imagem das visões espirituais para revelar sua mensagem através de João. Muitas pessoas deixam de ver o poderoso quadro neste livro porque se distraem com um exame minucioso de cada pequenino pedaço. Mesmo se não conseguirmos entender o significado de algum pormenor específico, a mensagem global da justiça, do poder e da absoluta vitória de Deus é inconfundível. Limites de tempo. Já notamos que Jesus falou de coisas que tinham de acontecer logo depois que este livro fosse escrito. O significado deste ponto não deve ser subestimado. Quando Deus colocou um limite de tempo para o cumprimento de sua palavra, os leitores não têm direito de ignorar ou negar isso. Algumas vezes as pessoas tentam evitar o significado dos limites de tempo de Deus apontando passagens como 2 Pedro 3:8, que diz: “para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia”. Pedro está mostrando a paciência de Deus em adiar seu julgamento dos malfeitores. Ele não está negando o significado de todas as outras referências a tempo na Bíblia. Quando Deus fala de coisas que acontecerão logo, precisamos respeitar sua palavra. Note o que Deus disse no Apocalipse para limitar o tempo do cumprimento: "Coisas que em breve devem acontecer" (1:1; 22:6). Este limite de tempo é colocado no começo e no fim do Apocalipse, e deverá ser lembrado em nossa interpretação dos capítulos intermediários. Tal expressão (“em breve”) é usada em outros lugares no Novo Testamento, onde vemos que o cumprimento veio logo depois que as palavras foram ditas. Não falou de eventos no futuro distante: centenas ou milhares de anos mais tarde. Note, por exemplo: “Festo, porém, respondeu achar-se Paulo detido em Cesaréia; e que ele mesmo, muito em breve, partiria para lá. . . . E, não se demorando entre eles mais de oito ou dez dias, desceu para Cesaréia; e, no dia seguinte, assentando-se no tribunal, ordenou que Paulo fosse trazido” (Atos 25:4,6). Festo pretendia ir a Cesaréia "em breve", e então foi àquela cidade cerca de dez dias mais tarde. Paulo falou do seu desejo de visitar vários irmãos ou enviar mensageiros "em breve" (1 Coríntios 4:19; Filipenses 2:19,24; 1 Timóteo 3:14). Nestes casos, era sempre um período muito breve S talvez meses S nunca séculos! “O tempo está próximo” (1:3; 22:10). Para reforçar o conceito de que João escrevia sobre eventos que logo se seguiriam, Jesus incluiu um lembrete adicional nos versículos de abertura e fechamento do livro. “O tempo está próximo” lembrava aos leitores de que Deus logo cumpriria sua palavra neste livro. Palavras semelhantes em outras passagens falam de curtos períodos de tempo, e não de eventos que aconteceriam séculos mais tarde. Note: Jesus falou da capacidade de prever a chegada do verão vendo as folhas numa figueira (Mateus 24:32; Lucas 21:30). Isto poderia levar dias ou semanas antes do verão, mas não poderia ser milhares de anos. Jesus disse em Mateus 26:18, “O meu tempo está próximo”. Ele morreu naquela semana. Seu tempo estava, de fato, muito perto. João referiu-se várias vezes a festas que estavam se aproximando como "estando próxima" (João 2:13; 6:4; 7:2; 11:55). Está sempre claro que significava períodos de tempo muito curtos. Note nestes casos que o evento estava geralmente dentro de dias ou talvez semanas, mas jamais se referiam a coisas que aconteceriam séculos mais tarde! O Significado do Quinto Selo. Para ajudar a entender a mensagem deste livro, veja bem em Apocalipse 6:9-11, onde Jesus abre o quinto selo: “Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.” Estes versículos são muito importantes para compreender o resto do livro do Apocalipse. Cristãos perseguidos, especialmente aqueles que sacrificaram suas vidas ao serviço do Senhor, estão pedindo justiça. Foram suas mortes em vão? Certamente que não. Eles haviam morrido na confiança de que Deus é justo, e agora estavam perguntando quanto tempo sua justiça seria adiada. Deus os assegura de que responderá com punição aos malfeitores, mas que ele permitirá que a perseguição continue por pouco tempo, antes de exercer sua vingança. Palavras chaves deste texto se relacionam com o desenvolvimento do plano de Deus através de todo o livro. Numerosas passagens no Apocalipse ilustram como Deus respondeu ao apelo destes santos martirizados. Note especialmente estas respostas divinas às orações dos santos mártires: Deus vingou seu sangue. O anjo vingador de Deus derramou o sangue dos inimigos dos santos (14:20). A terceira taça representava a merecida vingança contra aqueles que tinham matado os profetas (16:4-7). Deus vingou a causa dos santos no julgamento contra Babilônia (18:20,24; 19:2). Deus ressuscitou os mártires. Apocalipse 20:4-6 mostra a resposta final de Deus às orações dos mártires. Há uma clara conexão entre este texto e a oração do capítulo 6. Eles tinham sido decapitados por causa da sua fé, mas agora estavam sendo ressuscitados para reinar com Cristo! A vitória de Satanás foi somente temporária. A causa dos fiéis estava vingada! Estas referências nos ajudam a ver que a vingança do sangue daqueles martirizados pela causa de Cristo é o tema central deste livro. Jesus diz aos seus seguidores perseguidos: – Tenham paciência e suportem a dureza da perseguição ainda mais um pouco. No final da batalha, eu lhes garanto que meus servos fiéis serão vitoriosos. Não desistam! Cenas de Grande Vitória. O livro do Apocalipse está cheio de cenas dos santos vitoriosos de Deus. Considere três exemplos específicos como representativos do conforto oferecido neste livro: A Ressurreição das Duas Testemunhas (11:3-14). Duas testemunhas, servos de Jesus, pregaram por um período de tempo (3½ anos) com poder e autoridade. Então, as forças de Satanás os mataram, e todo o mundo comemorou o triunfo do mal sobre o bem. Mas a vitória durou pouco. Depois de três dias, Deus ressuscitou as testemunhas que estavam mortas e as chamou ao céu. Ele então enviou punição sobre aqueles que se regozijaram com a derrota da justiça. A causa de Cristo foi ameaçada, mas ressurgiu para a vitória! O Triunfo sobre o Dragão (12:1-18). Uma mulher, representando o povo de Deus, deu à luz a Cristo. Ainda antes que ele nascesse, Satanás (o dragão e a serpente) estava salivando na expectativa de devorar o sangue do Ungido. Mas num único versículo (12:5), a vitória completa de Jesus, do nascimento à ascenção, deixa Satanás frustrado e irado. Ele então se volta para perseguir a mulher (a igreja), mas Deus a protege. Satanás, então, olha para cima e tenta derrotar o exército do céu, conduzido por Miguel. O diabo sofre mais uma derrota, sendo lançado fora do céu e lhe são negadas outras oportunidades para acusar os servos de Deus. Cada vez mais frustrado, o dragão irado ataca violentamente a mulher, mas de novo fracassa. Em desespero, o dragão procura uma vítima e concentra suas energias na perseguição dos filhos da mulher, cristãos individuais. Satanás ainda pode perseguir e tentar derrotar os cristãos. Mas temos que manter esta batalha no seu contexto. Os cristãos, com o auxílio do Cristo conquistador, podem entrar na guerra com confiança. É possível vencer (veja 1 Coríntios 10:13). Estamos lutando com um perdedor! O Novo Céu e a Nova Terra, e a Nova Jerusalém (21:1-22:5). Depois das grandes cenas de julgamento e condenação dos inimigos da justiça (capítulos 18-20), este texto oferece um vislumbre do esplendor da comunhão com Deus. "O novo céu e a nova terra" é um símbolo do relacionamento com Deus (veja Isaías 65:17-25). A admissão a esta companhia é limitada. Os covardes, os incrédulos, os abomináveis, os assassinos, os impuros, os feiticeiros, os idólatras e os mentirosos serão rejeitados e lançados no lago de fogo. A nova Jerusalém é também um símbolo profético, bem conhecido, da comunhão restaurada entre Deus e seu povo (veja Isaías 52:1; 60:19-20; 61:10; 65:18-19; Ezequiel 40:2-3; 48:31-34). Jerusalém, como o local do templo do Velho Testamento, representava a presença de Deus no meio do povo. Esta nova Jerusalém até oferece acesso ao rio da vida e à árvore da vida, mostrando a restauração do privilégio especial do relacionamento perdido por causa do pecado do homem (veja Gênesis 3:22-24; Ezequiel 47:1-12). Conclusão No decorrer das próximas lições, veremos o livro do Apocalipse mais detalhadamente, examinando cada capítulo. Procuraremos entender o significado das diversas descrições simbólicas, das cenas dramáticas e das imagens impressionantes. Nos nossos estudos de pormenores, porém, não devemos esquecer da estrutura básica nem das mensagens fundamentais do livro. A revelação de Jesus Cristo é uma mensagem de grande e total vitória! -por Dennis Allan Perguntas 1. Quais são os pontos principais de cada parte do Apocalipse? Capítulo 1: Capítulos 2 - 3: Capítulos 4 - 5: Capítulos 6 - 20: Capítulos 21 -22: 2. Este livro conta apenas o que João ouviu? Explique a importância da sua resposta. 3. Quais duas expressões dos primeiros versículos limitam o tempo de cumprimento do livro? 4. Qual dos sete selos resume a mensagem do livro? 5. Quem é o perdedor no Apocalipse? Quem são os vencedores? ***************************************************************** Jesus Envia uma Revelação aos Seus Servos (Apocalipse 1:1-8)

Muitos comentários sobre o Apocalipse dedicam capítulos inteiros a questões de autoria, data, estilo, etc. Nosso estudo, necessariamente, abordará estas mesmas questões. Eu prefiro, porém, considerar tais assuntos no contexto do estudo do livro, conforme as próprias evidências internas surgirem. Já nos primeiros versículos, encontramos algumas pistas importantes. Esta lição e outras que seguem dividirão o texto em parágrafos, e depois em versículos ou frases. Sempre leia o parágrafo inteiro antes de voltar aos comentários sobre cada versículo. Lembre-se que os comentários refletem o entendimento de um homem, e nada mais do que isso. Você deve avaliar, questionar e exercer a sua liberdade de discordar, mas sempre com base na palavra de Deus. O propósito dessas lições é de facilitar o estudo do livro, não de dar uma interpretação oficial ou definitiva. Decidi incluir o texto do livro nas lições para facilitar o estudo e permitir que cada aluno grife pontos importantes, anote suas próprias observações, etc. O aluno ainda terá que usar a própria Bíblia para as citações de outros livros ou outros trechos do Apocalipse. Jesus Envia uma Mensagem aos Fiéis (1:1-3) 1:1-2 – "Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, 2 o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu." Revelação (gr. Apokalupsis): algo descoberto, exposto, manifesto. A mensagem deste livro foi revelada para ser entendida pelos servos de Jesus. A corrente de transmissão da mensagem: Deus (Pai) a deu a Jesus Cristo, e ele a enviou por intermédio do seu anjo e notificou ao seu servo João, para mostrar aos seus servos. Deus Qual João? O nome João era comum no primeiro século, e o versículo aqui não oferece nenhuma descrição a mais (apenas diz que era servo de Cristo, assim o colocando na mesma categoria dos ouvintes) para identificar o autor do livro. Desde a antigüidade, quase todos os comentários sobre este livro o atribuem ao apóstolo João, filho de Zebedeu. É geralmente aceito que ele escreveu, também, o evangelho e as três epístolas identificadas em nossas Bíblias com o mesmo nome (João). A leitura dos outros livros dele, especialmente do evangelho de João, ajuda na compreensão da mensagem do Apocalipse. As coisas que em breve devem acontecer: Veja novamente os comentários na lição 2 sobre o significado dos limites de tempo no texto do Apocalipse. Agora, considere um contraste que reforça o ponto. Daniel teve uma visão sobre “o tempo do fim” (Daniel 8) em que viu a queda da Pérsia aos gregos, e a expansão dos gregos (helenistas) para controlar a terra dos judeus e profanar as coisas sagradas deles. Daniel fez esta profecia cerca de 550 a.C. (8:1) e falou de coisas que chegaram à época de Antíoco IV (Epífanes), aproximadamente 165 a.C. O tempo da visão de Daniel até o cumprimento foi menos de 400 anos. O anjo Gabriel disse: “se refere a dias ainda mui distantes” (8:26). Se um período de menos de quatro séculos são dias “mui distantes”, obviamente “em breve” e “próximo” (1:3) se referem a coisas que aconteceriam logo depois das visões de João. Este contraste entre o tempo das profecias de Daniel e de João se torna mais nítido ainda quando chegamos a 22:10, onde João foi proibido de selar a sua profecia “porque o tempo está próximo”. Qualquer interpretação do Apocalipse que sugere que o cumprimento principal do livro ainda acontecerá (quase 2.000 anos depois de João) se opõe ao texto do próprio livro. A palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo: João não teve dúvida sobre a fonte de sua mensagem. Ele coloca este livro na mesma categoria de outras Escrituras. João “atestou ... a tudo que viu”. Ele fez questão de transmitir a revelação recebida, até comentando em alguns momentos da sua própria dificuldade em entendê-la (veja 7:13-14). A revelação do Apocalipse foi em forma de visões, de imagens dramáticas, que transmitiram a mensagem que Jesus queria repassar para os seus servos. João relatou o que viu. 1:3 – "Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo." Bem-aventurados: Sete vezes no Apocalipse, e dezenas de outras vezes na Bíblia, a expressão “bem-aventurado” ou “feliz” descreve as bênçãos dos fiéis que mantêm a comunhão com Deus. O exemplo mais conhecido se encontra no sermão do monte (Mateus 5:3-11). Aqui, os bem-aventurados são: aqueles que lêem – literalmente, “aquele (singular) que lê”, a pessoa que faria a leitura do livro nas reuniões públicas das igrejas. aqueles que ouvem as palavras da p r o fe c i a – os ouvint e s , especificamente, os servos nas igrejas que receberam o livro. Por extensão, entendemos que Deus nos abençoa com esta mesma mensagem. Ele trata o livro como profecia, uma revelação nova de Deus para os seus servos. e guardam as coisas nela escritas – profecia não serve apenas para informar ou predizer. Serve também para instruir. Deve ser obedecida. A mensagem do Apocalipse exigia uma resposta ativa dos seus ouvintes, especificamente a de fidelidade em vista das perseguições (veja 2:10). Pois o tempo está próximo: Veja os comentários acima (versículo 1) sobre o tempo referido. A obediência era urgente, pois a profecia falou de coisas que iam acontecer logo depois da transmissão desta mensagem aos fiéis. Do Alfa e Ômega às Sete Igrejas (1:4-8) 1:4-5a – "João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono 5 e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra." João, às sete igrejas que se encontram na Ásia: Nos capítulos 2 e 3, encontramos cartas endereçadas aos anjos de sete igrejas na Ásia. Tudo indica que eram igrejas reais que existiam naquela época, mas não eram as únicas igrejas na Ásia no primeiro século. Existiam igrejas em outros lugares na Ásia Menor: Trôade (Atos 20:5-7), Colossos (Colossenses 1:1), Hierápolis (Colossenses 4:13). Jesus escolheu sete igrejas, talvez como um número completo e simbólico, que representam as caracterísitcas das igrejas da região. Se o livro for levado de umaa outra igreja na ordem das cartas, a viagem seguiria assim (distâncias aproximadas): Partindo de Éfeso, indo 65 km ao norte, chegaria a Esmirna, e seguindo mais 95 km estaria no ponto mais ao norte do circuito, Pérgamo. Daí, seguiria a estrada ao sudeste, passando em Tiatira (70 km de Pérgamo) e continuando mais 50 km até Sardes. Seguindo mais 43 km ao sudeste, estaria em Filadélfia. Aproximadamente a 75 km de Filadélfia, chegaria a Laodicéia, a qual ficava numa rota comercial que voltava para Éfeso, onde esta viagem começou. Graça e paz: Saudações tradicionais nas cartas do Novo Testamento. Da parte de: Versículos 4 e 5 repetem a frase “da parte de” três vezes, dando ênfase à origem divina da revelação: Aquele que é, que era e que há de vir – Embora esta descrição possa identificar qualquer uma das pessoas divinas, aqui se refere ao Pai, pois ainda virão mais dois. Os sete Espíritos – Outras passagens deixam claro que há um só Espirito (Efésios 4:4), e assim Jesus e os apóstolos freqüentemente falavam do Espírito Santo no singular. Sabendo que sete representa algo completo ou perfeito, o sentido mais provável é da perfeição do Espírito Santo. A pedra do sacerdote Josué tinha sete olhos (Zacarias 3:9). Diante do trono de Deus se encontram sete tochas, “que são os sete Espíritos de Deus” (4:5). Os sete olhos do Cordeiro “são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (5:6). Embora nenhum versículo absolutamente afirma que os sete Espíritos sejam o Espírito Santo, a sua colocação entre as outras duas pessoas divinas apóia esta interpretação. Jesus Cristo – Não há dúvida sobre a identidade de Jesus, descrito aqui como: a Fiel Testemunha – Ele é o sim e o amém das promessas de Deus (2 Coríntios 1:20-22), o cavaleiro chamado Fiel e Verdadeiro (19:11). o Primogênito dos mortos – Jesus não foi o primeiro a ser ressuscitado, mas ele tem primazia sobre todos (Colossenses 1:18). Aquele que ressuscitou-se e tem domínio sobre todos envia uma mensagem para confortar os perseguidos, incluindo alguns que morreriam por sua fé. o Soberano dos reis da terra – Jesus não domina apenas os servos fiéis; ele é o Soberano dos reis humanos (veja Daniel 4:32). Ele governa os governantes, incluindo aqueles que perseguiriam os santos. Obs.: Alguns premilenaristas, como Hal Lindsey, dizem que a confusão no mundo mostra que Jesus, embora tendo o direito de reinar sobre a terra, não está exercendo o seu direito atualmente. A Bíblia afirma que Jesus é o Soberano dos reis da terra. Pedro diz que os poderes estão sujeitos a Jesus (1 Pedro 3:22). Paulo diz que todas as coisas já foram colocadas debaixo dos pés de Jesus (Efésios 1:22-23). No Apocalipse, Jesus mesmo disse que já recebeu esta autoridade do Pai (2:27-28). Devemos acreditar nas afirmações das Escrituras ou nas interpretações de premilenaristas? Acreditamos nas palavras de Jesus em Mateus 28:18? 1:5b-6 – "Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, 6 e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!" Àquele que nos ama: Jesus domina reis, e ama seus servos humildes! O amor divino é um tema constante nos escritos de João (João 3:16; 1 João 4:7-21; etc.). Este fato, em si, mostra o poder do evangelho de efetuar uma transformação total no coração do homem. Um filho do trovão (Marcos 3:17; Lucas 9:54) se tornou o apóstolo do amor! pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados: Jesus morreu na cruz para nos salvar, se apresentando como o único sacrifício eficaz para purificar pecadores (veja Hebreus 9:12,14,22). Na remissão dos pecados achamos a única verdadeira libertação (Colossenses 1:13-14). e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai: Os impérios humanos reduziram homens livres à escravidão, como servos de tiranos. Jesus liberta escravos do pecado e os constitui um reino de sacerdotes para Deus! Veja 1 Pedro 2:9-10. a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!: Jesus é tudo que o versículo 5 diz, e fez tudo que é relatado nos versículos 5 e 6. Ele é digno de glória e domínio para sempre! A glória de Roma ou qualquer outro império iria desvanecer-se. A glória de Jesus dura para sempre! Amém! Que assim seja! 1:7 – "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!" Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!: O eterno Jesus virá com as nuvens. A vinda nas nuvens sugere a presença e a autoridade divina, especialmente seu poder para julgar ou castigar (veja Êxodo 14:24; 19:9,16; 20:21; 24:16,18; 34:5; 40:34-38; Números 11:25; 12:5,10; Deuteronômio 5:22; 2 Crônicas 5:13-6:1; Salmo 18:11; Isaías 19:1; 30:27; Daniel 7:13-14; Mateus 17:5; 24:30; 26:64). Há duas possíveis interpretações desta promessa: ŒA segunda vinda de Jesus, quando julgará todos os homens (veja 1 Tessalonicenses 4:17; João 5:27-29). A vinda de Jesus para castigar algum povo ou poder na terra (veja as citações acima que falam de castigos na terra). Dentro do contexto, a segunda possibilidade faz muito mais sentido. Da mesma maneira que Jesus prometeu castigo para Jerusalém na sua profecia apocalíptica (Mateus 24 e relatos paralelos), aqui ele fala do castigo de algum poder ou povo que não respeitava a autoridade do Soberano Senhor. Qual poder ou povo? Alguns acreditam que a principal aplicação das profecias do Apocalipse seria a Jerusalém, e que o cumprimento delas se encontra na destruição da cidade em 70 d.C. A favor desta interpretação, ele fala aqui daqueles que o traspassaram. Outros acreditam que o alvo da ira de Deus seria Roma ou um dos seus imperadores. A favor desta interpretação, encontramos aqui a lamentação de todas as tribos da terra. Porém, esta citação assemelha-se a Mateus 24:30, e pode ser usada para apoiar a aplicação a Jerusalém. Ao invés de tentarmos definir já o povo em vista, vamos continuar estudando e procurando mais esclarecimento dentro do próprio livro. Certamente. Amém!: Não há dúvida. O Soberano trará julgamento! 1:8 – "Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso." Alfa e Ômega: A primeira e a última letra do alfabeto grego. Deus é eterno (aquele que é, que era e que há de vir), o começo e o fim. O Senhor Deus aqui pode ser o Pai (que fala, também, em 21:5-8 e é descrito como “o Senhor Deus, o Todo-Poderoso” em 4:8). Mas as mesmas palavras podem ser aplicadas ao Filho, em quem “habita ... toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2:9), pois Jesus Cristo “é o esplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” (Hebreus 1:3). Todo-Poderoso: Este selo de autoridade encerra-se com mais uma afirmação da natureza absoluta de Deus. Ele é o Todo-Poderoso. Esta descrição de Deus aparece 9 vezes no Apocalipse, e se encontra em 50 outros versículos na Bíblia, a maioria no livro de Jó. Os servos perseguidos da época de João precisavam lembrar-se do poder absoluto do Soberano Deus. Conclusão Nestes primeiros versículos do Apocalipse, Deus deixa bem claro que ele, o Eterno e Soberano Senhor, é o autor da mensagem. Os ouvintes, servos dele na Ásia, poderiam depositar plena confiança no Altíssimo que já demonstrara o seu amor para com eles. Ele, por meio de seu Filho, já os libertara do pecado. Não deixaria o seu povo ser vencido pelas forças do mal. -por Dennis Allan Perguntas 1. Começando com a fonte e terminando com os ouvintes, encontramos cinco etapas na transmissão da mensagem do Apocalipse (1:1). Quais são? 2. Quais duas frases nos primeiros 3 versículos limitam o tempo de cumprimento deste livro de profecia? 3. A expressão “dias ainda mui distantes” em Daniel 8:26 refere-se a qual período de tempo?“Em breve” e “próximo” referem-se a períodos maiores? 4. Segundo 1:3, quais pessoas são bem-aventuradas? 5. A mensagem do Apocalipse veio da parte de quem? a. b. c. 6. Jesus foi a primeira pessoa ressuscitada? Em qual sentido ele é o Primogênito dos mortos? 7. Quem tem domínio, atualmente, sobre os reis da terra? 8. Como Jesus demonstrou o seu amor para com os seus servos? 9. Como Jesus trata os súditos no reino dele? Os impérios conquistados pelos homens mostraram a mesma bondade aos seus sujeitos? 10. Qual o significado da descrição “Alfa e Ômega”? Aplica-se a quem? *********************************************************************************************** Jesus Envia uma Revelação aos Seus Servos (Apocalipse 1:1-8) Muitos comentários sobre o Apocalipse dedicam capítulos inteiros a questões de autoria, data, estilo, etc. Nosso estudo, necessariamente, abordará estas mesmas questões. Eu prefiro, porém, considerar tais assuntos no contexto do estudo do livro, conforme as próprias evidências internas surgirem. Já nos primeiros versículos, encontramos algumas pistas importantes. Esta lição e outras que seguem dividirão o texto em parágrafos, e depois em versículos ou frases. Sempre leia o parágrafo inteiro antes de voltar aos comentários sobre cada versículo. Lembre-se que os comentários refletem o entendimento de um homem, e nada mais do que isso. Você deve avaliar, questionar e exercer a sua liberdade de discordar, mas sempre com base na palavra de Deus. O propósito dessas lições é de facilitar o estudo do livro, não de dar uma interpretação oficial ou definitiva. Decidi incluir o texto do livro nas lições para facilitar o estudo e permitir que cada aluno grife pontos importantes, anote suas próprias observações, etc. O aluno ainda terá que usar a própria Bíblia para as citações de outros livros ou outros trechos do Apocalipse. Jesus Envia uma Mensagem aos Fiéis (1:1-3) 1:1-2 – "Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, 2 o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu." Revelação (gr. Apokalupsis): algo descoberto, exposto, manifesto. A mensagem deste livro foi revelada para ser entendida pelos servos de Jesus. A corrente de transmissão da mensagem: Deus (Pai) a deu a Jesus Cristo, e ele a enviou por intermédio do seu anjo e notificou ao seu servo João, para mostrar aos seus servos. Deus Qual João? O nome João era comum no primeiro século, e o versículo aqui não oferece nenhuma descrição a mais (apenas diz que era servo de Cristo, assim o colocando na mesma categoria dos ouvintes) para identificar o autor do livro. Desde a antigüidade, quase todos os comentários sobre este livro o atribuem ao apóstolo João, filho de Zebedeu. É geralmente aceito que ele escreveu, também, o evangelho e as três epístolas identificadas em nossas Bíblias com o mesmo nome (João). A leitura dos outros livros dele, especialmente do evangelho de João, ajuda na compreensão da mensagem do Apocalipse. As coisas que em breve devem acontecer: Veja novamente os comentários na lição 2 sobre o significado dos limites de tempo no texto do Apocalipse. Agora, considere um contraste que reforça o ponto. Daniel teve uma visão sobre “o tempo do fim” (Daniel 8) em que viu a queda da Pérsia aos gregos, e a expansão dos gregos (helenistas) para controlar a terra dos judeus e profanar as coisas sagradas deles. Daniel fez esta profecia cerca de 550 a.C. (8:1) e falou de coisas que chegaram à época de Antíoco IV (Epífanes), aproximadamente 165 a.C. O tempo da visão de Daniel até o cumprimento foi menos de 400 anos. O anjo Gabriel disse: “se refere a dias ainda mui distantes” (8:26). Se um período de menos de quatro séculos são dias “mui distantes”, obviamente “em breve” e “próximo” (1:3) se referem a coisas que aconteceriam logo depois das visões de João. Este contraste entre o tempo das profecias de Daniel e de João se torna mais nítido ainda quando chegamos a 22:10, onde João foi proibido de selar a sua profecia “porque o tempo está próximo”. Qualquer interpretação do Apocalipse que sugere que o cumprimento principal do livro ainda acontecerá (quase 2.000 anos depois de João) se opõe ao texto do próprio livro. A palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo: João não teve dúvida sobre a fonte de sua mensagem. Ele coloca este livro na mesma categoria de outras Escrituras. João “atestou ... a tudo que viu”. Ele fez questão de transmitir a revelação recebida, até comentando em alguns momentos da sua própria dificuldade em entendê-la (veja 7:13-14). A revelação do Apocalipse foi em forma de visões, de imagens dramáticas, que transmitiram a mensagem que Jesus queria repassar para os seus servos. João relatou o que viu. 1:3 – "Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo." Bem-aventurados: Sete vezes no Apocalipse, e dezenas de outras vezes na Bíblia, a expressão “bem-aventurado” ou “feliz” descreve as bênçãos dos fiéis que mantêm a comunhão com Deus. O exemplo mais conhecido se encontra no sermão do monte (Mateus 5:3-11). Aqui, os bem-aventurados são: aqueles que lêem – literalmente, “aquele (singular) que lê”, a pessoa que faria a leitura do livro nas reuniões públicas das igrejas. aqueles que ouvem as palavras da p r o fe c i a – os ouvint e s , especificamente, os servos nas igrejas que receberam o livro. Por extensão, entendemos que Deus nos abençoa com esta mesma mensagem. Ele trata o livro como profecia, uma revelação nova de Deus para os seus servos. e guardam as coisas nela escritas – profecia não serve apenas para informar ou predizer. Serve também para instruir. Deve ser obedecida. A mensagem do Apocalipse exigia uma resposta ativa dos seus ouvintes, especificamente a de fidelidade em vista das perseguições (veja 2:10). Pois o tempo está próximo: Veja os comentários acima (versículo 1) sobre o tempo referido. A obediência era urgente, pois a profecia falou de coisas que iam acontecer logo depois da transmissão desta mensagem aos fiéis. Do Alfa e Ômega às Sete Igrejas (1:4-8) 1:4-5a – "João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono 5 e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra." João, às sete igrejas que se encontram na Ásia: Nos capítulos 2 e 3, encontramos cartas endereçadas aos anjos de sete igrejas na Ásia. Tudo indica que eram igrejas reais que existiam naquela época, mas não eram as únicas igrejas na Ásia no primeiro século. Existiam igrejas em outros lugares na Ásia Menor: Trôade (Atos 20:5-7), Colossos (Colossenses 1:1), Hierápolis (Colossenses 4:13). Jesus escolheu sete igrejas, talvez como um número completo e simbólico, que representam as caracterísitcas das igrejas da região. Se o livro for levado de umaa outra igreja na ordem das cartas, a viagem seguiria assim (distâncias aproximadas): Partindo de Éfeso, indo 65 km ao norte, chegaria a Esmirna, e seguindo mais 95 km estaria no ponto mais ao norte do circuito, Pérgamo. Daí, seguiria a estrada ao sudeste, passando em Tiatira (70 km de Pérgamo) e continuando mais 50 km até Sardes. Seguindo mais 43 km ao sudeste, estaria em Filadélfia. Aproximadamente a 75 km de Filadélfia, chegaria a Laodicéia, a qual ficava numa rota comercial que voltava para Éfeso, onde esta viagem começou. Graça e paz: Saudações tradicionais nas cartas do Novo Testamento. Da parte de: Versículos 4 e 5 repetem a frase “da parte de” três vezes, dando ênfase à origem divina da revelação: Aquele que é, que era e que há de vir – Embora esta descrição possa identificar qualquer uma das pessoas divinas, aqui se refere ao Pai, pois ainda virão mais dois. Os sete Espíritos – Outras passagens deixam claro que há um só Espirito (Efésios 4:4), e assim Jesus e os apóstolos freqüentemente falavam do Espírito Santo no singular. Sabendo que sete representa algo completo ou perfeito, o sentido mais provável é da perfeição do Espírito Santo. A pedra do sacerdote Josué tinha sete olhos (Zacarias 3:9). Diante do trono de Deus se encontram sete tochas, “que são os sete Espíritos de Deus” (4:5). Os sete olhos do Cordeiro “são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (5:6). Embora nenhum versículo absolutamente afirma que os sete Espíritos sejam o Espírito Santo, a sua colocação entre as outras duas pessoas divinas apóia esta interpretação. Jesus Cristo – Não há dúvida sobre a identidade de Jesus, descrito aqui como: a Fiel Testemunha – Ele é o sim e o amém das promessas de Deus (2 Coríntios 1:20-22), o cavaleiro chamado Fiel e Verdadeiro (19:11). o Primogênito dos mortos – Jesus não foi o primeiro a ser ressuscitado, mas ele tem primazia sobre todos (Colossenses 1:18). Aquele que ressuscitou-se e tem domínio sobre todos envia uma mensagem para confortar os perseguidos, incluindo alguns que morreriam por sua fé. o Soberano dos reis da terra – Jesus não domina apenas os servos fiéis; ele é o Soberano dos reis humanos (veja Daniel 4:32). Ele governa os governantes, incluindo aqueles que perseguiriam os santos. Obs.: Alguns premilenaristas, como Hal Lindsey, dizem que a confusão no mundo mostra que Jesus, embora tendo o direito de reinar sobre a terra, não está exercendo o seu direito atualmente. A Bíblia afirma que Jesus é o Soberano dos reis da terra. Pedro diz que os poderes estão sujeitos a Jesus (1 Pedro 3:22). Paulo diz que todas as coisas já foram colocadas debaixo dos pés de Jesus (Efésios 1:22-23). No Apocalipse, Jesus mesmo disse que já recebeu esta autoridade do Pai (2:27-28). Devemos acreditar nas afirmações das Escrituras ou nas interpretações de premilenaristas? Acreditamos nas palavras de Jesus em Mateus 28:18? 1:5b-6 – "Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, 6 e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!" Àquele que nos ama: Jesus domina reis, e ama seus servos humildes! O amor divino é um tema constante nos escritos de João (João 3:16; 1 João 4:7-21; etc.). Este fato, em si, mostra o poder do evangelho de efetuar uma transformação total no coração do homem. Um filho do trovão (Marcos 3:17; Lucas 9:54) se tornou o apóstolo do amor! pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados: Jesus morreu na cruz para nos salvar, se apresentando como o único sacrifício eficaz para purificar pecadores (veja Hebreus 9:12,14,22). Na remissão dos pecados achamos a única verdadeira libertação (Colossenses 1:13-14). e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai: Os impérios humanos reduziram homens livres à escravidão, como servos de tiranos. Jesus liberta escravos do pecado e os constitui um reino de sacerdotes para Deus! Veja 1 Pedro 2:9-10. a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!: Jesus é tudo que o versículo 5 diz, e fez tudo que é relatado nos versículos 5 e 6. Ele é digno de glória e domínio para sempre! A glória de Roma ou qualquer outro império iria desvanecer-se. A glória de Jesus dura para sempre! Amém! Que assim seja! 1:7 – "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!" Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!: O eterno Jesus virá com as nuvens. A vinda nas nuvens sugere a presença e a autoridade divina, especialmente seu poder para julgar ou castigar (veja Êxodo 14:24; 19:9,16; 20:21; 24:16,18; 34:5; 40:34-38; Números 11:25; 12:5,10; Deuteronômio 5:22; 2 Crônicas 5:13-6:1; Salmo 18:11; Isaías 19:1; 30:27; Daniel 7:13-14; Mateus 17:5; 24:30; 26:64). Há duas possíveis interpretações desta promessa: ŒA segunda vinda de Jesus, quando julgará todos os homens (veja 1 Tessalonicenses 4:17; João 5:27-29). A vinda de Jesus para castigar algum povo ou poder na terra (veja as citações acima que falam de castigos na terra). Dentro do contexto, a segunda possibilidade faz muito mais sentido. Da mesma maneira que Jesus prometeu castigo para Jerusalém na sua profecia apocalíptica (Mateus 24 e relatos paralelos), aqui ele fala do castigo de algum poder ou povo que não respeitava a autoridade do Soberano Senhor. Qual poder ou povo? Alguns acreditam que a principal aplicação das profecias do Apocalipse seria a Jerusalém, e que o cumprimento delas se encontra na destruição da cidade em 70 d.C. A favor desta interpretação, ele fala aqui daqueles que o traspassaram. Outros acreditam que o alvo da ira de Deus seria Roma ou um dos seus imperadores. A favor desta interpretação, encontramos aqui a lamentação de todas as tribos da terra. Porém, esta citação assemelha-se a Mateus 24:30, e pode ser usada para apoiar a aplicação a Jerusalém. Ao invés de tentarmos definir já o povo em vista, vamos continuar estudando e procurando mais esclarecimento dentro do próprio livro. Certamente. Amém!: Não há dúvida. O Soberano trará julgamento! 1:8 – "Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso." Alfa e Ômega: A primeira e a última letra do alfabeto grego. Deus é eterno (aquele que é, que era e que há de vir), o começo e o fim. O Senhor Deus aqui pode ser o Pai (que fala, também, em 21:5-8 e é descrito como “o Senhor Deus, o Todo-Poderoso” em 4:8). Mas as mesmas palavras podem ser aplicadas ao Filho, em quem “habita ... toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2:9), pois Jesus Cristo “é o esplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” (Hebreus 1:3). Todo-Poderoso: Este selo de autoridade encerra-se com mais uma afirmação da natureza absoluta de Deus. Ele é o Todo-Poderoso. Esta descrição de Deus aparece 9 vezes no Apocalipse, e se encontra em 50 outros versículos na Bíblia, a maioria no livro de Jó. Os servos perseguidos da época de João precisavam lembrar-se do poder absoluto do Soberano Deus. Conclusão Nestes primeiros versículos do Apocalipse, Deus deixa bem claro que ele, o Eterno e Soberano Senhor, é o autor da mensagem. Os ouvintes, servos dele na Ásia, poderiam depositar plena confiança no Altíssimo que já demonstrara o seu amor para com eles. Ele, por meio de seu Filho, já os libertara do pecado. Não deixaria o seu povo ser vencido pelas forças do mal. -por Dennis Allan Perguntas 1. Começando com a fonte e terminando com os ouvintes, encontramos cinco etapas na transmissão da mensagem do Apocalipse (1:1). Quais são? 2. Quais duas frases nos primeiros 3 versículos limitam o tempo de cumprimento deste livro de profecia? 3. A expressão “dias ainda mui distantes” em Daniel 8:26 refere-se a qual período de tempo?“Em breve” e “próximo” referem-se a períodos maiores? 4. Segundo 1:3, quais pessoas são bem-aventuradas? 5. A mensagem do Apocalipse veio da parte de quem? a. b. c. 6. Jesus foi a primeira pessoa ressuscitada? Em qual sentido ele é o Primogênito dos mortos? 7. Quem tem domínio, atualmente, sobre os reis da terra? 8. Como Jesus demonstrou o seu amor para com os seus servos? 9. Como Jesus trata os súditos no reino dele? Os impérios conquistados pelos homens mostraram a mesma bondade aos seus sujeitos? 10. Qual o significado da descrição “Alfa e Ômega”? Aplica-se a quem? *****************************************************************************************************************